A Roja na encruzilhada pós Copa

A Roja na encruzilhada pós Copa

© FIFA.com

Após um período de seis anos impecáveis, no qual recebeu o aplauso unânime de crítica e público, fazendo escola com seu jogo de troca de passes e conquistando uma sequência inédita de títulos (Eurocopa, Copa do Mundo, Eurocopa), a seleção espanhola encontra-se atualmente em um ponto de inflexão.

O estrepitoso fracasso sofrido no Brasil 2014, ao qual chegou como campeã e depois só conseguiu vencer a Austrália, sendo humilhada por Holanda e derrotada pelo Chile, marcou o fim de uma era para o futebol espanhol. As eliminatórias para a Euro 2016, que começam em breve, serão uma prova de fogo. Não apenas para o técnico Vicente del Bosque, mas também para a nova geração e mesmo para os remanescentes da equipe que encantou o mundo nos últimos anos.

“Estamos começando uma nova etapa”, reconheceu o treinador no início de uma reapresentação que incluía oito novidades em relação ao grupo que viajou ao Brasil. “Antes tínhamos que administrar o sucesso, o que também era difícil, e agora vamos administrar uma derrota, que é o fato de não termos correspondido às expectativas. Vamos ver se teremos o mesmo êxito que nas outras ocasiões”, acrescentou Del Bosque antes de começar a preparação para o amistoso contra a França.

Sangue novo para não morrer
A aposentadoria do zagueiro Puyol e a saída de cena de outros pesos pesados como Xavi Hernández, David Villa e Xabi Alonso foram os primeiros passos rumo a uma mudança geracional necessária e imprescindível.

Na primeira convocação pós-Mundial, não estão Fernando Torres, Pepe Reina ou Juan Mata. Consequentemente, aparecem várias caras novas, como Kiko Casilla, Mikel San José, Dani Carvajal, Raúl García e Paco Alcácer, enquanto outros voltam com a intenção de permanecer, como é o caso de Ander Iturraspe, Marc Bartra e Isco Alarcón.

“Nós, novatos, estamos muito entusiasmados, mas trata-se de uma grande responsabilidade”, comentou Raúl García, do Atlético de Madri. “Viemos com a maior alegria do mundo para que não se notem as baixas que tivemos.”

O fim do tiki-taka?
Na administração do sucesso, Del Bosque optou por não mexer no que estava funcionando, preferindo fazer apenas alguns retoques e ajustes na máquina espanhola. Agora se abre um novo leque de possibilidades. Mudam apenas os jogadores ou também o estilo de jogo?

Além da inevitável reposição das peças, parece natural que o sistema evolua para se adaptar aos novos elementos incorporados e, principalmente, para encontrar alternativas capazes de aliviar as pressões que os adversários aperfeiçoaram a fim de sufocar o esgotado jogo de posse de bola e troca de passes.

Um dos primeiros sinais de mudança é o resgate do centroavante clássico na figura de Diego Costa. Apesar de sua estreia ruim no Brasil e de sua demora para anotar o primeiro gol com a camisa da Roja, o atacante do Chelsea é depositário de grandes esperanças.

O que se pode dizer por enquanto é que o caminho que leva à França 2016 começou em Paris com uma derrota para a anfitriã por 1 a 0 em um amistoso no qual se viram poucas novidades além dos jogadores em campo. A Espanha teve muita posse de bola, mas pouca claridade no ataque, embora tenha buscado um pouco mais o jogo direto e os passes em profundidade.

“Este é o início de um novo projeto e acho que começamos bem, apesar da derrota, que faz parte de qualquer renovação”, comentou o otimista Cesc Fàbregas após o primeiro teste. “Os novos jogadores se adaptaram de maneira incrível. Temos um grande grupo e é isso que importa. Parece bom o que o professor quer fazer. Esta nova geração já provou nas categorias de base que sabe o que faz e que tem muita qualidade. A partir de agora, temos que reunir os jogadores, treinar, competir juntos cada vez mais e assim alcançaremos um ótimo nível.”

A estrada até a próxima Euro, em que os espanhóis voltarão a defender o título, tem paradas na Macedônia (na próxima segunda-feira, dia 8), Ucrânia, Bielorrússia, Eslováquia e Luxemburgo. Pode parecer uma agenda generosa, mas, ainda que possíveis vitórias não venham a exaltar o orgulho do futebol nacional, as derrotas poderão piorar a situação.

“Temos que começar um novo ciclo, esquecer o passado e tentar voltar a ser o que fomos”, afirmou Sergio Ramos, promovido a segundo capitão. “Acreditar novamente que é possível conquistar coisas importantes.”

E não podemos esquecer o que nos lembrou o técnico francês, Didier Deschamps: “A Espanha tem novidades. Uma equipe não se constrói de um dia para o outro (…) É complicado quando você vê que não tem jogadores como Piqué, Xabi Alonso, Iniesta e Xavi, que contavam com mais de cem partidas internacionais e jogavam com os olhos fechados. Del Bosque é um grande treinador, mas não é um mago.”

Os ex-campeões mundiais precisam de tempo. E nesta encruzilhada que vê à frente, é preciso acertar o caminho e trabalhar para que os resultados os levem novamente ao topo.

 

Fonte: http://pt.fifa.com/

São Paulo – Brasil – 01:18

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Josy Galvão

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